quarta-feira, 22 de outubro de 2008

divagações

noite. uma única mariposa revoando ao redor de um poste testemunha a existência do tempo... tudo mais é inerte, estático, paralisia na noite sãobentese. Tom waits canta sua estranheza no rádio... “kommienezuspadt”! não há significado... mas as significâncias permeiam minha pobre mente.
semanticamente pobre... porém irrigada por inexprimíveis sentidos, em intransferíveis soturnas cores, em incomunicáveis nuances... imóveis frondosas árvores de milhares de folhas, alto céu sem nuvens, uma lâmpada ilumina as pedras da rua...
coisas sem sentido... mas o que é o sentido das coisas senão a possibilidade de expressá-las em símbolos? letras, figuras, sons exprimem o exprimível... pois o inexprimível cala, mas os sentidos não. os sentidos, limitados ainda, oh mediocridade humana!, mas maiores que qualquer semiótica.
o que me faz dizer isso? essa eterna necessidade de dar significado às coisas... este eterno impulso de buscar um canal, uma veia racional que assepticamente una solitárias almas... ah! mas a única verdadeira possibilidade é a linguagem do toque, da química interação, da troca de elétrons... o movimento universal...
e continuo aqui em minhas elocubrações... necessidade? solidão? insuperável isolamento? humana perseverança? inútil... a resposta não está nas palavras...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Não é fácil viver em São Bento às vezes. Há que se conviver e buscar fugas para o exílio das manifestações da sensibilidade humana, desfrutar cada nesga de sol que escapa por entre as nuvens parcacentas, beber das poucas fontes gotejantes... Há poucas válvulas de escape para a crueza do dia-a-dia... Muitas vezes só o álcool...
Às vezes vasculho locadoras daqui, na busca de algo que me tire desta vida provinciana, que me traga novas percepções e questionamentos... o cinema tem esta propriedade.
Este final de semana tive a sorte de garimpar duas pedras preciosas numa dessas locadoras... quem puder assista:
"Estrela solitária", dirigido por Wim Wenders, e "A lula e a baleia", de Noah Baumbach.



O primeiro Wim Wenders traz a história que um homem que busca algo que lhe preencha, que parece estar cansado de preencher seus momentos com fugacidades. Um filme cheio de cenas grávidas de sentidos... Sem contar a trilha sonora que é ótima.



Já o título "A lula e a baleia" soa como algo ingênuo e infantil, ledo engano. Temos aí um filme que questiona nossos caminhos, o ser ou não ser de cada um, o certo e o errado de todos. De certo mesmo o filme traz que cada um deve procurar seus próprios caminhos...

Há muito descobri que os melhores filmes estão nas histórias mais banais, sem as pirotecnias holywoodianas usuais, aí estão dois belos exemplos disso.

Arnaldo Jabor sobre relacionamentos

"Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível."

Kkkkkkk... só o Jabor msm prá criar uma dessas..

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Peixe das sombras
No mais profundo
Das turbulentas turvas águas
Moro

Se visitar-me quiseres, pois
No turbilhão das águas mergulharás
A tatear o lodo das paredes
E ao procurar-me não saberás
Que em mim contido estás
Bah!
Papéis, papéis, papéis!
Inertes!

Nervo que vibra
Entranhas que fervem
Músculo que dobra
Conclamai-vos!
A liguagem é uma pele. Esfrego minha linguagem na do outro.

Roland Barthes

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Frase

"As mulheres têm um inimitável talento para exprimir seus sentimentos sem empregar palavras demasiado vivas; sua eloqüência está sobretudo no acento, no gesto, na atitude e nos olhares."

Balzac, em "Mulher de trinta anos"

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Stênio Mendes

Uma grata surpresa com a qual esbarrei por acaso nos infinitos caminhos da www... Inclassificável, Stênio Mendes representou para mim uma experiência nova e radical. Não percam a oportunidade de ouvir!

Stênio Mendes - MPBC (1980)

1 Taquara - adaptação da idealização de Arend Schoolrl no Xingu (Stenio Mendes)
2 Espada de anjo (Stenio Mendes)
3 Sonata perdida (Stenio Mendes)
4 Invasão dos monges (Stenio Mendes) - regravada no cd dos Barbatuques "O Corpo do Som" (2002)
5 Linhas tortas (Stenio Mendes)
6 A barca dos homens (Stenio Mendes)
7 Aquarela do Brasil (Ary Barroso)
8 2001 - uma odisséia no espaço (Richard Strauss)
9 Hava nagilah (A.Z.Idelshn)
10 Rosário (Stenio Mendes)

Stenio Mendes - arranjos
Stenio Mendes - craviola, violão com arco e vozes
Ubiraci de Oliveira (Bira) - percussão
José Eduardo Nazário - percussão
Participação especial de Ruth Mendes Nogueira (soprano) na faixa 5.

Link para download: http://rs5.rapidshare.com/files/306422/Stenio_Mendes_-1980_-_MPBC_.rar