Talvez eu não seja a pessoa certa, talvez seja contra-indicado.
Recluso, ácido, introspecto, denso talvez, incisivo às vezes, frio. Poucas palavras, mas não meias. Não me peça que lhe acaricie quando não é a hora, não trago comigo mais que a crueza do que tenho em mãos. Não me procure para distrações, meus olhos não se fecham tão facilmente. Se você se considera bem resolvido(a) e feliz, creio não ter nada a acrescentar-lhe, ou seria melhor não mesmo. Tenho cada dia menos disposição para gracejos e piadinhas. Escafandrista de águas pouco freqüentadas, não lhe posso acompanhar em vôos distantes. Não tenho mais asas e o mais alto que posso chegar é onde meus passos me levam. Se tens coragem para olhar-se no fundo dos próprios olhos, talvez possamos compartilhar alguns caminhos. Mas não me venha com pontos finais e pingos nos is. Não tenho respostas definitivas e sequer posso suportá-las. A estrada aberta da vida não permite enxergar além do horizonte. Não tenho ouvidos moucos, portanto não me traga palavras jogadas ao vento. Meus olhos, apesar de cabisbaixos, enxergam mais além do que demonstram. Meus lábios apertados contêm mais adjetivos do que os digno a expressarem. Pense duas vezes antes de os provocarem a derramar o que represam. Não são dados a verborragias, mas uma vez abertos não coagulam-se facilmente.
Não pretendo assustar a ninguém, mas também não sou de muitos amigos. A solidão, flagelo e vício, amante sado-masoquista, às vezes é o melhor porto para meus olhos cansados. Mas apesar de tudo, por traz de tudo, há esse desejo de ser compreendido, há essa busca por comunicar mentes inexoravelmente isoladas, há esse afã de encontrar-me no olhar alheio. É quando venho aqui expor-me, bater às portas deste mundo cego.
Mas ainda talvez seja tudo mentira, e eu esteja completamente enganado. Talvez seria a palavra certa...
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